segunda-feira, 9 de julho de 2012


O amor em seu auge é como a nossa vista favorita, canto bonito dentro da gente. É exatamente por ser como uma paisagem que ele está sujeito aos desgastes do tempo, perde o brilho sem perder, contudo, a sua essência. Isso acontece porque ano a ano, de verão em verão, os nossos olhos se enfadam do lugar comum. É assim para todo mundo, mas não em todos os casos.
Falamos constantemente sobre a morte do amor, é um erro! O que acaba são os relacionamentos, morre a promessa, os planos, os sorrisos que poderiam ser dados, as brigas e reconciliações, morre a cama, o sexo, os amigos que nunca serão conhecidos, morrem as futuras estações, os aniversários e por fim a convivência. Mas nunca, o amor. Porque este, por si, tem o poder de se reinventar, de ressurgir milagrosamente, o amor é sempre inesperado pelo simples fato de ser inerente à natureza humana.
Sem mais, o fim é o mesmo, tanto para um, quanto para o outro. É natural, não há nada mais imprevisível do que deixar de gostar, nós se desatam, nós também. Então deixa ser, deixa passar, que o que o que for para ser a vida traz. E não te esquece nunca, é dentro da gente que mora o amor, a todo o tempo, só que às vezes ele vem disfarçado e com nomes diferentes. Acredita e sente, isso basta. 


quarta-feira, 4 de julho de 2012

O meu louco querer


A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
- Vinícius de Moraes


Não havia nada premeditado, nada marcado, mas foi andando por aí que te encontrei. Você foi uma dessas situações que se passam indiferente à primeira vista, quase sem fazer barulho, sem perturbações cardíacas e borboletas no estômago.  Te conhecer foi uma dessas brincadeiras sem muita graça que o destino faz com a gente de vez em quando.
Talvez o silêncio inicial tenha sido de pura enganação, uma forma sutil de me tomar pela mão e garantir o consentimento dos meus beijos para depois, após ocupar meu coração e vida, tirar meu sono e até a paz. Faz tempo que perdi a noção de o que é ter a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida.
De pensar que eu só queria um amor.. só queria um amor! Pensei que em minhas preces o fato de desejar alguém deixava subentendido que seria algo bonito, recíproco, doce como as paixões de fim de tarde. Mas não! O que me veio foi um apego sem reciprocidade, uma vontade de estar perto e um querer sem beiradas, quase sem fim. Quer saber, tudo foi culpa da primeira impressão. Te provei, subestimei o rumo que a minha história poderia tomar e por fim, extrapolei. Acontece que exagerei com o tanto de você que, mesmo inconsciente, acabei guardando em mim.
Você comigo é um menino furacão, turbulência, você dói demais! Meu coração tem andado meio kamikaze, meio piegas demais. Ainda estou procurando uma direção, um lugarzinho para apontar e seguir em frente, mas não tem sido fácil, é tudo muito contraditório, o único lugar no qual eu caberia bem agora é dentro do seu abraço. Você para mim é como aquela música do Caetano, espero que não seja sempre assim, preciso remar, mas quando tudo passar e o tempo clarear ou quando a música tocar, eu ainda vou me lembrar, do muito mais meu, mas ainda assim, do nosso estranho amor. 



terça-feira, 10 de abril de 2012

Acredito que a grande finalidade de quem escreve é nascer de novo só que através das palavras. Porque no mesmo instante em que início um texto eu descubro centenas de outras pessoas aqui dentro, vou construindo outra versão de mim, cuspo fora minhas dores ainda que elas continuem encravadas no peito, eu registro quem fui em cada uma das expressões que usei e por fim, constato o óbvio, assim como ninguém se banha duas vezes nas águas de um mesmo rio, jamais alguém escreveu o ponto final de um texto do mesmo modo que começou. Agora, sou outra.

Escrever é se livrar de tudo o que prende o riso, é dividir com o outro coisas afins, escrever é acumular levezas.