domingo, 15 de maio de 2011

Re(amar)

E repetia para si mesmo: Vá adiante, faça alguma coisa. Embora estivesse cheio de pensamentos, não conseguia desenvolver ideia alguma.
Mesa posta, jarro com flores recém colocadas, janelas abertas. Tudo parecia igual, senão pelo tom acinzentado do dia e pelo silêncio angustiante que pairava no apartamento.
Olhou para o corredor que levava ao quarto, mas não teve coragem de prosseguir, a presença dela era muito forte e o seu cheiro ainda estava presente em todos os cômodos.
Estar sozinho o deixava vulnerável a uma infinidade de pensamentos. Sentiu saudade, e culpa por ter deixado que ela partisse. Lembrou. Lembrou dos momentos bons, dos ruins também e sentiu algo que por um tempo ele havia esquecido, era aquela ternura sem tamanhos que todos nós sentimos quando estamos apaixonados.
O moço compreendeu então que o que a levou embora foi amor mau cuidado, amor distraído. Foi displicência comum e inicialmente inofensiva, ambos se deixaram envolver por outras coisas, pessoas e projetos e caíram na rotina, se aceitaram como segundo plano e por fim, foram esquecendo de se amar, de se gostar, de se querer um ao lado do outro.
Sentado naquele canto escuro da casa ele quis voltar no tempo, quis ter mudado todos os seus antigos hábitos, ter dado mais atenção para aquela que sempre esteve ali. Como num impulso, levantou-se e pegou a chave do carro, hesitou [...] mas foi! Sua busca não obteve retorno favorável, os pais da moça lhe informaram que ela havia viajado, mas não disseram para onde. O telefone chamava em vão, até o dia que parou de tocar. Raramente um tinha notícia do outro, optaram por se esquecer de uma vez, e só se encontraram anos depois daquele dia.
Histórias de amor nem sempre fazem jus aos contos de fadas, mas eles reconstruíram suas vidas, amadureceram e principalmente foram felizes, aprenderam a valorizar mais as pessoas e seus relacionamentos, foram lapidados pelo o tempo.
E sem nenhuma explicação senão pelo mistério da vida ou vontade do destino, eles se encontraram em uma cafeteria na cidade das luzes, se viram (mais por dentro que por fora) imediatamente, sorriram e conversaram por longas horas - precisavam (re)saber um pouco um do outro e sem que esperassem ou pensassem nisso, aquela manhã foi o recomeço de um largo caminho de amor...

Um comentário:

  1. Miinha linda Jana, morro de sudade de voce sabia??? cadiquequesumiu? adorei o texto, é sempre assim com dizia o Caio: "Se a gente tiver que se encontrar, agente se encontra. Aqui ou na China"

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Tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim. (Caio F.)