sábado, 11 de dezembro de 2010

Surpresa !

O telefone tocou, atendi sorrindo de qualquer coisa que não me lembro agora. ‘Alô’, apesar da distração, reconheci a voz imediatamente. Era difícil acreditar que quem estava do outro lado da linha era você, eu também não entendia a finalidade daquela ligação depois de tanto tempo. Você me contou que estava de passagem pela cidade e pediu para que nos encontrássemos, inventei qualquer pretexto para não ir, ouvi um ‘tudo bem’ e logo nos despedimos. Porém, eu tinha esquecido sua capacidade de decifrar até o tom da minha voz e de ser um teimoso irremediável.
Era sábado e eu estava pronta para sair quando ouvi o barulho de interfone, fiquei sem reação, mas pedi que te deixassem subir. Eu precisava de ar, me olhei no espelho e fiquei contente por estar arrumada, mas quanto ao encontro... Meu Deus, o tempo só te fez bem. Naquele instante vi além do bonito rapaz perfumado, o brilho nos olhos que eu conheci muitas primaveras atrás. Você trazia em uma mão um buquê de flores, na outra o vinho branco que eu adorava, me cumprimentou e te convidei a entrar.
Conversamos muito, sentimos por termos nos perdido um do outro por tanto tempo, nos emocionamos e sorrimos por toda a noite. As horas passaram rapidamente e quando fomos notar já era manhã. Saímos para tomar café em um lugarzinho aconchegante perto da minha casa e combinamos um próximo encontro que nunca aconteceu.
Te esperei por semanas, meses e alguns anos até compreender que o tempo não o traria de volta. Não chorei sua ausência porque te guardei em mim. E ainda hoje, tantos anos depois, guardo um rosa daquele buquê, você passou, mas ainda há em qualquer canto de minha memória vestígios de seu perfume.


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Tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim. (Caio F.)